domingo, 17 de agosto de 2008

Longe da companheira Stela Maris, Caymmi "desistiu de viver", conta a filha Nana

Nielmar de Oliveira
Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - O corpo do cantor e compositor Dorival Caymmi, que morreu no início da manhã de hoje (16) de insuficiência renal seguida de falência múltipla de órgãos, aos 94 anos, está sendo velado por fãs, parentes e amigos no salão nobre da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, desde as 16h20.

A família ainda não definiu o horário do enterro, que acontecerá neste domingo, no Cemitério São João Batista, em Botafogo, tão logo o filho mais velho, Dory, chegue do exterior.

Anônimos e famosos se revezaram para velar o corpo do artista baiano. Lá estiveram, entre outros, os novelistas Gilberto Braga e Glória Peres, a cantora Daniela Mercury, os filhos Nana e Danilo Caymmi (também cantores) e os netos.

Em uma rápida conversa com os jornalistas, Nana contou que o pai andava triste desde o dia 29 de abril, quando a companheira de tantas décadas, Stela Maris, que Caymmi conheceu nos estúdios da Rádio Nacional, entrou em coma e foi internada no Hospital Pró-Cardíaco. O estado de saúde do pai, que já não era bom, se agravou a partir da última quarta-feira, quando ele “desistiu de viver”, na definição da filha.

“Nós passamos esta semana toda tentando melhorar o moral dele, mas ele estava em uma grande melancolia, numa tristeza muito grande. Desistiu de comer, desistiu de tudo. É mais ou menos como dizia minha cunhada: um caso de Romeu e Julieta”, comparou Nana.

“A ausência de minha mãe desde 29 de abril, com ele sendo obrigado a completar os seus 94 anos de idade sem ela, foi terrível. Até quarta-feira passada, ele estava ouvindo música com a gente, mas depois a vela apagou”.

Nana disse que guardará do pai, que gravou 20 discos ao longo da carreira, a simplicidade e a musicalidade. “Tenho tanto para lembrar do meu pai. Desde a música e poesia até os grandes conselhos. Como ele costumava dizer: tem que ter estilo. Tenho uma sorte muito grande porque eu tive pai ‘burra velha’ e estou aqui”.

O filho Danilo admitiu que a família vive um momento complicado desde a internação da mãe. “A gente mais ou menos estava esperando e aconteceu do jeito que a família toda desejava: que ele morresse em casa e com tranqüilidade. Infelizmente perdemos um grande cantor e um grande compositor, mas fica aí uma obra, um legado muito grande”.

Lembrando que o pai era um homem que “usou a simplicidade como meio de vida”, Danilo pinçou uma frase lida em uma antiga agenda do pai na semana passada para exemplificar o momento presente: "Passo a passo, passando... passo!”

Danilo também destacou o grande amor que o pai tinha pelo Rio de Janeiro. “Ele viveu estes anos 50 intensamente o Rio de Janeiro. Era um baiano-carioca que amava esta cidade. Embora tenha esta carga toda da Bahia, ele sentia orgulha de, além de ser o grande baiano que era, ter sido também um grande carioca”.

O salão nobre da Câmara de Vereadores do Rio ficará aberto até as 22h de hoje (16) e reabrirá ao público às 7h de amanhã.

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